SOLIDÃO
Junia Bittencourt
Solidão que pra tantos é dor e sofrimento
É pra mim unção de um momento
Onde a passos curtos e lentos
Visito coração, nervos e músculos
Mergulho na vida por inteira
Não há demônios
Não há dores e nem saudade
Há sim torrentes, mas de liberdade
Onde me ancoro e nada mais percebo
Solidão que é tida como areia movediça
Que engole, cega e nem avisa
É pra mim emplasto de acalanto
E nesse silêncio digno de deuses
Não há lugar pra facas ou cicutas
Há tanta paz em mim na solidão
Que rompo os sentidos e me procuro
Nas valas, nos céus e me encontro
Quieta dentro de mim como num útero